Simulacro


Eu trago em mim latente um verso mudo
que dilacera e sangra, mas não grita
perfura minha garganta, sobreagudo,
sem eco e que lá dentro regurgita.

Carrego em mim a dor que sem remédio
atravessa-me o peito em vil tormento
sobrecarrega minh’alma em assédio
transfigurando-me em abafamento.

Que vem e toma conta do meu senso
amolda o universo como eu penso
e faz a fantasia florescer...

Rasgo de inspiração que me permeia
enreda-me e tece a sua teia
- espécie de arremedo d’um planger.

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