
Whatever
Pensamento débil, fútil, pouco importa,
Pois vertente que deságua sem um rio
É fatia cuja faca já não corta,
Violeta fenecida pelo frio.
Minha mente - minha alma - só suporta
Os reveses que já beiram o desvario.
Assim deixo, numa fresta, aberta a porta,
Liberdade pra criar até o vazio
Da poesia que se faça em linha torta,
Em silêncio, sem adorno ou atavio.
A que voa lá pro alto e, por um fio,
Não apaga, reaviva a chama morta
Como o sopro à labareda de um pavio.
Pensamento débil, fútil, pouco importa...
Pois vertente que deságua sem um rio
É fatia cuja faca já não corta,
Violeta fenecida pelo frio.
Minha mente - minha alma - só suporta
Os reveses que já beiram o desvario.
Assim deixo, numa fresta, aberta a porta,
Liberdade pra criar até o vazio
Da poesia que se faça em linha torta,
Em silêncio, sem adorno ou atavio.
A que voa lá pro alto e, por um fio,
Não apaga, reaviva a chama morta
Como o sopro à labareda de um pavio.
Pensamento débil, fútil, pouco importa...

Amnestía
Em noites tristes, de calor ou frio,
As linhas prateadas, paralelas ,
Meus olhos acompanham no vazio
Traçado pela lua nas janelas.
Insone - porque o sono e eu não somos
Amigos ou parceiros - Convivemos
E eu ganho as horas, pois o tempo pomos
Na estante das lembranças que tivemos.
E vai me dominando um tal cansaço!
Tenho alucinações: um vão rotundo
De bolhas coloridas, em que faço
A flor da indiferença ir lá pro fundo
Da mente e transformar-se, em meu regaço,
Na rosa mais bonita desse mundo!

Inconjecturabilidade
Pretérito imperfeito eu e você,
não era hora, não estava escrito.
Quando podia ser não foi, porque
não foi, quase que sendo, eu admito.
Hoje não pode mais, você quem diz,
então joguemos pr’um futuro incerto,
pois no passado a gente não se quis
e do presente nem chegamos perto.
Se o tempo é relativo ou não existe
futuro, nem passado, nem agora,
vivamos sem buscar suposto após.
Talvez não houve a gente, só despiste e,
nos anos que pensamos jogar fora,
não foi você, não fui, não fomos nós.

Eu hoje sinto um mal estar de tudo
Eu hoje sinto um mal estar de tudo,
Lâmina fria em toque de metal.
Ouço um silêncio que se faz mais mudo
Na abstração desse sentir-me mal.
Pedi pra vida um pouco e nada tive:
Não me pesar o conhecer que existo,
O respeitar a todo o ser que vive,
E um riso puro ou sentimento misto...
Pir lim pim pim ou uma palavra mágica
Pra desfazer o mal estar de tudo
E transportar-me dessa fase trágica.
Pedi tão pouco! Aliviar o peito
Desse pesar, que se transforme em arte e
Metaforize o podre no perfeito.

Ao me afastar sempre me rasgo um pouco
Ao me afastar sempre me rasgo um pouco,
Pois a minha alma se colou na dele.
Plangendo nela há um soluço rouco
Que regurgito e que lhe cuspo à pele.
Vai me tomando um sentimento insano,
Barbarizado, que me amarra e prende.
Aguça a mente, poderoso arcano:
Chama que oscila nesse apaga-e-acende.
E eu sempre remendando com esmero,
Por puro acaso consertado fica,
Pois que a costura não se faz certeira.
Por vezes, precisei no desespero,
Propósito que por si só se explica,
Assim, de súbito, rasgar-me inteira.

Pai lírico
Em teus escritos, música e magia,
nascidas dos acordes do violão.
Eu sempre me perdi na poesia
das asas que voavam de tua mão,
pousavam na tua alma, que é tua casa,
pois alma de poeta é como um templo.
Senti que poetando é que estravazas
e não escondes nada, és meu exemplo
de sensibilidade e transparência.
Um Pai com tantas filhas! Coração
confuso entre os amores e as carências.
Teus versos e tuas prosas: a paixão,
um tanto de nostálgica vivência
e uísque pra molhar a Solidão...

Letras embriagadas
Compor para um poeta é mais sublime,
Porque ele sabe que a palavra é só:
Solidão que liberta e que reprime,
Costura a inspiração e dá um nó;
Que em letras um poema faz amor,
Carinho consoante entre vogais;
Que diz tão pouco quem só fala em flor,
E quem descreve a dor já diz demais.
Que hiatos e ditongos abraçados
Transformam sobriedade em histeria,
Misturam versos brandos com pecados...
Compor para um poeta em lucidez,
- Joelhos postos a pedir perdão -
Redime o turbilhão da embriaguez.

Espumas de Spins
São
tênues as fronteiras pro infinito
Não
temas transpassá-las, queira vê-las
Nem
tudo é só ilusão, nem tudo é mito
Treina
teus olhos para ver estrelas
Nós
diagramamos tantas rotas, passos
Em
fluido atemporal, para depois
As
gravidades quânticas em laços
Nos
separarem pelo espaço os dois
Eu
lembro até das nuvens, meteoritos
De
muitos sóis, das estrelas cadentes
Dos
céus que absorveram nossos ritos
Será
que em outro tempo ainda é quente
A
tênue e vã fronteira pro infinito
Que
agora é só energia evanescente?

Olhos de Chuva (23/05/2011)
Quando o dia espia a noite e a transpassa,
Rasga os véus que a embrumeciam de agonia.
... Num torpor sem precedentes se esfumaça,
E se perde em madrugada infrene e fria.
Chove aos cântaros e os deuses por pirraça
Jogam raios desnublando a invernia,
Junto ao vento que desprende e arregaça
Seus gemidos num engasgo que arrepia.
E no peito do poeta feito traça
Que carcome, que destrói e que esvazia,
Molha tudo a chuva triste, descompassa...
Noite adentro, cão raivoso que latia
Morde, sangra, arranha e fura a carapaça,
De sobejo, só uma máscara vazia...
Rasga os véus que a embrumeciam de agonia.
... Num torpor sem precedentes se esfumaça,
E se perde em madrugada infrene e fria.
Chove aos cântaros e os deuses por pirraça
Jogam raios desnublando a invernia,
Junto ao vento que desprende e arregaça
Seus gemidos num engasgo que arrepia.
E no peito do poeta feito traça
Que carcome, que destrói e que esvazia,
Molha tudo a chuva triste, descompassa...
Noite adentro, cão raivoso que latia
Morde, sangra, arranha e fura a carapaça,
De sobejo, só uma máscara vazia...

Que a miopia não mais me iluda... (14/04/2011)
Que a miopia não mais me iluda:
da opacidade, pro brilho intenso.
Bebi do vinho, reli Neruda,
abri meus olhos e vi que penso
não só com mente, com coração.
- Lirismo puro é pobreza d’alma.
Porém com corpo, com pés no chão,
sapateando e batendo palmas...
Só faz um dia e estou certa: eu quero
rodar o mundo, seguir teus passos.
Não sei se vou, se por ti espero
ou se é deslumbre por tempo escasso.
Me sinto livre, me destempero,
daqui... direto pro teu abraço...

Odôiá! (11/03/2011)
Enquanto estou em pé e sou ungida
Por ondas marulhantes, sou feliz.
Lambuzo-me na areia e, aquecida,
Eu deixo o sol beijar o meu nariz.
Da plataforma de madeira erguida,
Ao vento, corpo aberto em chafariz,
Mergulho nesse mar e sinto a vida
Regando-me: sou caule e sou raiz.
Pertenço a esse elemento, aqui me fiz,
Mas Iemanjá me vem e assim me diz:
Para eu nunca esquecer-me já na ida
Da volta, pois eu mesma fui que quis
Estar inteira aqui, não ver saída,
Fingir lavar no mar a mi’a ferida.

A Letra e a Serpente
“Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira.” Ferreira Gullar
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira.” Ferreira Gullar
Eis que hoje de mim mesma fui senhora,
assim tão tolamente, que assustei!
Olhava-me no espelho como outrora,
num lapso, fui-me vendo, me espreitei
de um jeito que jamais havia feito.
Havia um brilho extra e eu era aquela,
a outra, a estranha - nunca a vi direito -
que sempre esteve lá, como a aquarela
que prende-se à parede e então se esquece,
e todo mundo a vê e se acostuma.
Mas eis que hoje as duas, feito um “esse”,
serpentearam-se e se confundiram.
Sou ambas, esse “esse” e essa serpente
as metaforizaram e se viram...

Pandora
”uma mulher é tão casta e tão profana
ou é puro pecado, ou quase levita,
oscila entre Satã e Jesus Cristo...” Bruna Lombardi
Halo de vida que te toma e contamina,
qual brisa indômita, esse sopro benfazejo
que tu não sabes de onde vem, mas que ilumina
uma faísca, nos teu olhos, de desejo...
Anjo que às vezes se transforma em animal
e até te assusta, desmascara e deixa exposta
a fera solta que é volátil, que faz mal,
que prejudica, que é danosa, mas tu gostas.
Essa delícia e esse sufoco que tem sido
gosto de sangue na tua boca delirante,
o susto atávico que põe-te sempre a esmo.
Conceito vago que é abstrato e sem sentido,
faca afiada, perigosa e fascinante,
casta imprudência que está implícita em ti mesmo...

Cyclus
Soprou em mim selvagem, forte vento,
daqueles que ao passar promove estragos,
as árvores caídas ao relento
os rios turvos, oceanos, lagos...
E foi-se inverno, retornou verão,
de vendaval, passou à brisa leve.
Mas não importa o tempo ou a estação,
a força que é in natura não prescreve.
Ainda o sinto, trança o meu cabelo
- o meu e o seu - emaranhando os fios,
dá nós, transpassa, os costurando em teia.
Assim como as marés e a lua cheia,
as regras da mulher, o parto e o cio,
o vento vem e vai, não sei detê-lo...

Continuum
Sabes aquele meio de segundo
Que há entre o inspirar e o expirar,
Sustado e já sumido desse mundo,
Mensura não captada num piscar?
Aquele lapso e tempo que só há
No espaço paralelo, como o halo
Da vela que acabamos de soprar,
Do sino, o vão suspenso do badalo.
Por invisível, tende a ser perdido,
Etéreo, em nossa falta de atenção,
Levado pro outro lado e esquecido.
À nossa volta, sempre profusão
De indícios e sinais despercebidos,
Mas falta-nos o tino e a percepção...

(Uni)verso magmáhtico
Ele é meu pai, amante, filho, amigo,
Um homem cuja essência me abstrai.
Me estupra e também faz amor comigo,
Educa-me, rejeita, abraça e trai.
Compasso de uma dança insana e espúria,
O alto risco, a overdose, o riso sério.
Um breve flerte com a dor e a fúria,
Vilipêndio à incoerência e o impropério.
Constrói um muro em volta como escudo,
Se esconde e só se mostra quando incauto,
Silencia e se desnuda ainda mudo...
Entrego-me em suas mãos ao escrevê-lo,
Sanando a náusea que antecede o ato.
Compô-lo está entre o sonho e o pesadelo.

Como ópio
Nem dez por cento do que amo mostro ao mundo,
a dor é minha e faço dela um alimento.
Por mais estranho que pareça, é tão profundo
e enraizado na minh’alma o sentimento!
Sei que é difícil de entender, ninguém entende,
talvez também ninguém o sinta como eu.
É bem provável que assim seja, mas me rende
horas e horas de um vazio que só cresceu.
Rouba meu sono, o apetite e o respirar,
como um veneno, uma doença, como ópio.
E eu acredito, levo Fé, eu me convenço.
Racionalmente é impossível de explicar:
obsessão, carência ou falta de amor próprio...
Só sei que toma a maior parte do meu senso.
a dor é minha e faço dela um alimento.
Por mais estranho que pareça, é tão profundo
e enraizado na minh’alma o sentimento!
Sei que é difícil de entender, ninguém entende,
talvez também ninguém o sinta como eu.
É bem provável que assim seja, mas me rende
horas e horas de um vazio que só cresceu.
Rouba meu sono, o apetite e o respirar,
como um veneno, uma doença, como ópio.
E eu acredito, levo Fé, eu me convenço.
Racionalmente é impossível de explicar:
obsessão, carência ou falta de amor próprio...
Só sei que toma a maior parte do meu senso.

Só
Distância que se fez do que era perto
cingiu na mente a comoção do frio,
a despedida e o súbito arrepio,
ditando o medo de um futuro incerto.
A tela em branco a remexer vazios,
temor da sensação de estar liberto,
da repentina Luz do espaço aberto,
da falta que farão os desvarios...
Já nos tornamos irritante grito,
um eco que ressoa e se repete.
Que mais dizer, se tudo já foi dito?
A silhueta nas paredes nuas
pra sempre há de assombrar-nos, ao luar:
apenas uma sombra e nunca as duas.
cingiu na mente a comoção do frio,
a despedida e o súbito arrepio,
ditando o medo de um futuro incerto.
A tela em branco a remexer vazios,
temor da sensação de estar liberto,
da repentina Luz do espaço aberto,
da falta que farão os desvarios...
Já nos tornamos irritante grito,
um eco que ressoa e se repete.
Que mais dizer, se tudo já foi dito?
A silhueta nas paredes nuas
pra sempre há de assombrar-nos, ao luar:
apenas uma sombra e nunca as duas.

Minha dança
O assunto que te fez sair do sério,
A esfinge indecifrável e confusa,
Ainda sou enigma, sou mistério,
Porém deixei de ser a tua musa.
Ah, que pena eu não ter podido ser
A água que norteia a tua ilha...
A taça eu transbordei... cadê o prazer?
Não fui nem tua mãe, nem tua filha.
Contorço-me somente de incertezas,
Deslizo e danço onde não mais tu pisas,
Sumiu na água profusa o pedestal.
Estátua já sem curvas, sem beleza,
Meu corpo não tem mais sabor de brisa.
A deusa, sem altar, virou mortal.
A esfinge indecifrável e confusa,
Ainda sou enigma, sou mistério,
Porém deixei de ser a tua musa.
Ah, que pena eu não ter podido ser
A água que norteia a tua ilha...
A taça eu transbordei... cadê o prazer?
Não fui nem tua mãe, nem tua filha.
Contorço-me somente de incertezas,
Deslizo e danço onde não mais tu pisas,
Sumiu na água profusa o pedestal.
Estátua já sem curvas, sem beleza,
Meu corpo não tem mais sabor de brisa.
A deusa, sem altar, virou mortal.

Inconjecturabilidade
Pretérito imperfeito eu e você,
não era hora, não estava escrito.
Quando podia ser não foi, porque
não foi, quase que sendo, eu admito.
Hoje não pode mais, você quem diz,
então joguemos pr’um futuro incerto,
pois no passado a gente não se quis
e do presente nem chegamos perto.
Se o tempo é relativo ou não existe
futuro, nem passado, nem agora,
Vivamos sem buscar suposto após.
Talvez não houve a gente, só despiste e,
nos anos que pensamos jogar fora,
não foi você, não fui, não fomos nós...
não era hora, não estava escrito.
Quando podia ser não foi, porque
não foi, quase que sendo, eu admito.
Hoje não pode mais, você quem diz,
então joguemos pr’um futuro incerto,
pois no passado a gente não se quis
e do presente nem chegamos perto.
Se o tempo é relativo ou não existe
futuro, nem passado, nem agora,
Vivamos sem buscar suposto após.
Talvez não houve a gente, só despiste e,
nos anos que pensamos jogar fora,
não foi você, não fui, não fomos nós...

O canto da sereia
Teu estado alterado de consciência,
Reflexo bem no fundo lá do espelho
Que ainda põe à prova tua incoerência.
A droga que circula na tua veia
E o assunto que te faz sair do sério.
O canto cego e surdo da sereia,
A que será eterna em seu mistério.
Por ti desconsidero regras várias,
Permeias os meus sonhos mais secretos
E somos um do outro, é lei sumária.
Fartaste minha vida como um deus
E, inspiração nas noites solitárias,
Serei pra sempre a Lira em versos teus.

Mãos que tecem
Repente, a Roda faz andar a nossa vida
E, ponto a ponto, vai cosendo num bordado
Feito por dedos calejados com a lida,
Um só destino, crochetado e costurado
Em fios de renda, refazendo os nós desfeitos.
Se a linha é curta, o Artesão põe mãos à obra,
Desfia e monta mais um rolo que é imperfeito.
A perfeição é a perspectiva que nos sobra,
Pois não existe, e já sabemos que não há...
Mas disfarçamos, aos remendos, nossos panos
E nos cobrimos com farrapos destroçados.
Se a fibra é forte, no tecido ficará
Firme o sagrado, emaranhado com o profano.
Não cabe a nós o palpitar nesse traçado.
E, ponto a ponto, vai cosendo num bordado
Feito por dedos calejados com a lida,
Um só destino, crochetado e costurado
Em fios de renda, refazendo os nós desfeitos.
Se a linha é curta, o Artesão põe mãos à obra,
Desfia e monta mais um rolo que é imperfeito.
A perfeição é a perspectiva que nos sobra,
Pois não existe, e já sabemos que não há...
Mas disfarçamos, aos remendos, nossos panos
E nos cobrimos com farrapos destroçados.
Se a fibra é forte, no tecido ficará
Firme o sagrado, emaranhado com o profano.
Não cabe a nós o palpitar nesse traçado.

Dançando com a vida
Seguindo o compasso sonoro e atonal,
Esgrima sem armas... pra frente e pra trás...
Num jogo de corpo, a promessa que jaz
De vida e de morte, começo e final.
São passos pra lá e pra cá, tanto faz,
Apenas um tango, uma valsa, um aval.
Num fogo cruzado e uma ginga fatal,
Vã troca de pernas já não satisfaz.
Desenho de giz é esse brilho fugaz,
Ao som do atabaque, bongô, berimbau,
Nos braços que calam, trançados em paz.
A mão sobre a pélvis, abrindo um portal,
Estouro de fogos e um som pertinaz:
Do olho no olho se faz carnaval...
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
Esgrima sem armas... pra frente e pra trás...
Num jogo de corpo, a promessa que jaz
De vida e de morte, começo e final.
São passos pra lá e pra cá, tanto faz,
Apenas um tango, uma valsa, um aval.
Num fogo cruzado e uma ginga fatal,
Vã troca de pernas já não satisfaz.
Desenho de giz é esse brilho fugaz,
Ao som do atabaque, bongô, berimbau,
Nos braços que calam, trançados em paz.
A mão sobre a pélvis, abrindo um portal,
Estouro de fogos e um som pertinaz:
Do olho no olho se faz carnaval...

O que é o amor?
É a nostalgia do que não se sabe.
Um sentimento a mais do que paixão
Vem, nos preenche, até que já não cabe,
Por si se basta e é prenhe de ilusão.
Um paradoxo e a única certeza,
O frenesi da gargalhada triste,
A fome com banquete sobre a mesa.
Mais redundante e intenso, não existe.
Pro cético, é um bafo de existência;
Na língua, a polpa da fruta, pro crente;
Pra quem o busca, a louca experiência.
Velou-me os olhos pleno anoitecer
E um sumo ácido inundou-me a boca:
Enfim o Amor... queria conhecer...
Um sentimento a mais do que paixão
Vem, nos preenche, até que já não cabe,
Por si se basta e é prenhe de ilusão.
Um paradoxo e a única certeza,
O frenesi da gargalhada triste,
A fome com banquete sobre a mesa.
Mais redundante e intenso, não existe.
Pro cético, é um bafo de existência;
Na língua, a polpa da fruta, pro crente;
Pra quem o busca, a louca experiência.
Velou-me os olhos pleno anoitecer
E um sumo ácido inundou-me a boca:
Enfim o Amor... queria conhecer...

Crepúsculo dos deuses
A morte crava o chão com os seus dedos,
Arranca-lhe as raízes mais frondosas.
Despencam lá de cima dos rochedos
As árvores tornadas belicosas.
Os ventos, tempestades e os tufões
Provocam numa saga, numa guerra,
Telúricos agitos, combustões,
Mexendo com o equilíbrio dessa Terra.
A água toma conta dos desertos,
A seca racha o solo que era mar
E o inferno vem chegando mais pra perto.
Dos deuses, os sorrisos, um esgar...
Descrentes, pois são sábios, ficam quietos
E deitam-se, esperando o Despertar.
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
Arranca-lhe as raízes mais frondosas.
Despencam lá de cima dos rochedos
As árvores tornadas belicosas.
Os ventos, tempestades e os tufões
Provocam numa saga, numa guerra,
Telúricos agitos, combustões,
Mexendo com o equilíbrio dessa Terra.
A água toma conta dos desertos,
A seca racha o solo que era mar
E o inferno vem chegando mais pra perto.
Dos deuses, os sorrisos, um esgar...
Descrentes, pois são sábios, ficam quietos
E deitam-se, esperando o Despertar.

Balada em lá bemol
Vertendo do passado e traduzida,
Escrita hieroglifada em pergaminho...
Ness’hora eu não estava prevenida
Pro vento norte e o cheiro de azevinho.
Bem dizem que um sentido sempre fixa
Em micros, quântuns, píxeis, decibéis,
Aquela imagem n’alma, a mais prolixa:
Memórias que são elos, são anéis.
Estava com Chopin meu pensamento
E não deixou passar esse momento:
Enleado no compasso, em lá bemol.
Um óleo perfumado então me ungiu
O misto de um calor fractal e frio
Enregelante, termo ativo - um Sol...
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
Escrita hieroglifada em pergaminho...
Ness’hora eu não estava prevenida
Pro vento norte e o cheiro de azevinho.
Bem dizem que um sentido sempre fixa
Em micros, quântuns, píxeis, decibéis,
Aquela imagem n’alma, a mais prolixa:
Memórias que são elos, são anéis.
Estava com Chopin meu pensamento
E não deixou passar esse momento:
Enleado no compasso, em lá bemol.
Um óleo perfumado então me ungiu
O misto de um calor fractal e frio
Enregelante, termo ativo - um Sol...

Versos pra Musa
De volta eu quero a minha inspiração,
Não sei bem quando foi que ela sumiu.
Talvez ande escondida em qualquer vão
E o meu acesso a ela seja um fio.
Costumava ser minha companheira,
Estava sempre perto a me chamar.
Bastava uma chuvinha ou ventaneira,
Minh’alma já se punha num pulsar.
Agora fico horas divagando,
Tentando acreditar que é só saudade,
Que posso eu viver sem a Poesia.
Mentira, ilusão que me vai dando
A falsa impressão de saciedade.
Poeta estou, sem Ela sou vazia...
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
Não sei bem quando foi que ela sumiu.
Talvez ande escondida em qualquer vão
E o meu acesso a ela seja um fio.
Costumava ser minha companheira,
Estava sempre perto a me chamar.
Bastava uma chuvinha ou ventaneira,
Minh’alma já se punha num pulsar.
Agora fico horas divagando,
Tentando acreditar que é só saudade,
Que posso eu viver sem a Poesia.
Mentira, ilusão que me vai dando
A falsa impressão de saciedade.
Poeta estou, sem Ela sou vazia...

Êxtase e Fúria
Às vezes estou perto e não me vês,
Acercas-te de mim, também não sinto.
Eu leio as entrelinhas que não lês,
Mas fecho as portas todas, me ressinto.
Tu és claro e límpido como a manhã,
Sombria sou, qual um final de tarde.
E se por fim m'ilumino, é no afã
De alimentar uma chama que arde.
Pois somos tão opostos, Vênus, Marte, e
Somos poesia que um ao outro atrai.
Apenas aproxima-nos ess'arte,
Num êxtase, onde a fúria sobressai?
Ou nos sabemos ambos encantados
Por esse lume aceso que crepita,
Que queima e anseia em nos manter ligados,
E, ao ver-nos sós, nossos versos recita?
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
Acercas-te de mim, também não sinto.
Eu leio as entrelinhas que não lês,
Mas fecho as portas todas, me ressinto.
Tu és claro e límpido como a manhã,
Sombria sou, qual um final de tarde.
E se por fim m'ilumino, é no afã
De alimentar uma chama que arde.
Pois somos tão opostos, Vênus, Marte, e
Somos poesia que um ao outro atrai.
Apenas aproxima-nos ess'arte,
Num êxtase, onde a fúria sobressai?
Ou nos sabemos ambos encantados
Por esse lume aceso que crepita,
Que queima e anseia em nos manter ligados,
E, ao ver-nos sós, nossos versos recita?

Selvagem
Em mim a fera ataca e sempre insiste
Nas horas de desterro e de agonia.
Encurralada, se esconde e resiste,
Seu gume, em facas, fatiando o dia...
Vem, dilacera o peito e me acrescenta
Mais marcas tatuadas, nós e frisos.
Desenfreada, essa selvagem tenta
Alucinar-me, pois seu chão não piso.
Sobejo vão de todos os intentos,
Pedaço meu evaporou, desiste,
Restou silêncio em ecos de porfia.
Desperdicei todo o amor aos ventos
E a consciência, com seu dedo em riste,
Acometeu-me, dando à voz poesia.
O magma é rocha ígnea que está em constante estado de ebulição, oculta no interior da terra, e só é lançada para a superfície por atividade vulcânica, sempre iminente.
De sua solidificação, formam-se pedras preciosas.
Daí a escolha do meu pseudônimo.
Nas horas de desterro e de agonia.
Encurralada, se esconde e resiste,
Seu gume, em facas, fatiando o dia...
Vem, dilacera o peito e me acrescenta
Mais marcas tatuadas, nós e frisos.
Desenfreada, essa selvagem tenta
Alucinar-me, pois seu chão não piso.
Sobejo vão de todos os intentos,
Pedaço meu evaporou, desiste,
Restou silêncio em ecos de porfia.
Desperdicei todo o amor aos ventos
E a consciência, com seu dedo em riste,
Acometeu-me, dando à voz poesia.

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